segunda-feira, 23 de julho de 2007

A polêmica da Usina do Gasômetro

Quando da minha primeira vinda a Porto Alegre, em fins de 1953, fiquei conhecendo o exterior do prédio onde funcionou o Gasômetro. Posteriormente, em 1955, assistindo uma aula do professor Tristão Feijó Ferreira, do Julinho, ele nos falava sobre a operação Caça-Mosquito, que viria a notabilizar a gestão do radialista Lamaison Porto na Secretaria Estadual de Saúde, banindo aquele inseto de todos os bairros da Capital. Ele nos dizia que, até então, a descarga do carvão do Gasômetro, às margens do Guaíba, impedia o desenvolvimento larval e a proliferação de pernilongos nos logradouros próximos (General Salustiano, Vasco Alves, General Portinho, Cipriano Ferreira, Bento Martins, Washington Luís, Demétrio Ribeiro, Fernando Machado, Duque de Caxias, Riachuelo e Andradas). Estive morando (1957) em apartamento num edifício da Rua General Vasco Alves. Do meu quarto que dava para os fundos do prédio, costumava avistar o relógio da Usina, o qual muito administrou o meu tempo. No verão, as noites quentes obrigavam-me a dormir com a janela aberta e habituei-me com o barulho incessante da termoelétrica; acordava-me quando o mesmo parava durante a madrugada. Na ocasião, eu observava as caçambas movimentando-se nos trilhos aéreos e descarregando o carvão no rio. Aí recordava daquela referência do mestre, o sono isento de picadas e zumbidos. Porém, a dúvida pairava: Usina do Gasômetro? Sem outras pesquisas, fui conhecendo a zona, a Volta do Gasômetro (Andradas-General Salustiano-Washington Luís), o bonde e depois o ônibus que por ali circularam. Só podia ser a Usina do bairro Gasômetro.
A polêmica sobre a denominação da Usina que, volta e meia, ressurge em nossos meios intelectuais, traz-me essas reminiscências. Há quem diga que a confusão se deva a alguns prefeitos da Capital – oriundos da fronteira – quando estes apenas referendaram uma tradição popular. Ainda enxergo naquele passado, junto ao Gasômetro, a sede do Grêmio Náutico Gaúcho – essa associação transferindo-se para a Avenida Praia de Belas, as antigas dependências passaram a ser ocupadas pela ABSDAER – ali funcionou a 47ª. Seção da 1ª. Zona Eleitoral, onde votei pela primeira vez.
Ah, ia-me esquecendo das reuniões dançantes do Náutico. A mãe de duas amigas solicitou-me para acompanhá-las. Não sabia bailar. Lá chegando, escassez de homem, sabras-que-te-quiero, uma das damas convida-me para passear no salão. Saio pulando. Ao pé do ouvido, diz-me a parceira para não dobrar o joelho. Obedeço. Agora, vai por mim, ela assente. Problema foi dar conta dos pedidos...