domingo, 22 de julho de 2007

Qual a razão deste meu gosto pela música? ( II )

Por essa época, freqüentava o curso primário no Colégio Particular Egydio Borges, cujo diretor era o professor Nelson Bambá Ricardo, a quem achei que devia mostrar aqueles meus primeiros passos literários, o que resultou no codinome Poeta das Águas Doces com que me batizou.
Nesse colégio, fiquei até o terceiro ano primário, tais as dificuldades de atenção nas aulas. Na classe, os alunos mais compenetrados eram colocados nas carteiras mais à frente e eu era mandado para a última do fundo.
Um caso bastante hilário foi aquele em que o professor Bambá escreveu sapato no quadro negro e mandou para eu ler o que lá estava escrito; respondi-lhe batata. Furioso, ele veio correndo até onde eu estava – estás debochando de mim, sapato é o que está escrito ali. Mas, professor, daqui eu não enxergo direito. Mas como? – e chamou um outro aluno para conferir e este viu perfeitamente bem donde eu estava.
A nossa classe era mista: gurias à esquerda e guris à direita. Por via das dúvidas, ele achou por bem colocar-me na frente... das gurias, para não preterir aqueles discípulos mais destacados.
Algum tempo depois, eu tinha pegado uma escada para chegar mais perto de um cartaz afixado na parte de cima de uma das paredes da livraria, quando chegou meu primo Anysio e sua esposa Lecy, estranhando o que eu estava fazendo: eu quero ler o que está escrito aqui. As letras são garrafais, como é que não pode? Foi aí que o pessoal lá em casa deu-se conta da minha deficiência visual e me encaminhou ao oftalmologista Dr. Mário Garrastazu Médici, que me diagnosticou grau cinco de miopia e receitou-me as lentes adequadas.