domingo, 22 de julho de 2007

Qual a razão deste meu gosto pela música? (IV)

Lá vou eu para o Ginásio de Jaguarão, o Ipinha de saudosa memória: posso dizer que, nesse tempo, começou a se manifestar em mim a paixão pela música.
Ouvinte da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, da Rádio Tamoio, da Rádio Tupi, cujas ondas eram mais fáceis de sintonizar do que as rádios de Porto Alegre, encantava-me com os famosos programas de auditório daquela época, com a constelação de seus astros maiores: Francisco Alves, Orlando Silva, Emilinha Borba, Marlene, Aracy de Almeida, Francisco Carlos e por aí me perdia. A comoção com a morte do Rei da Voz, que rendeu inúmeras reportagens através da revista O Cruzeiro – estava cada vez melhor no antológico jargão publicitário do meu grande amigo Pedro Fagundes de Azevedo. Aquela memorável serenata dos quatrocentos Violões em Funeral transmitida pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre. E a gente ainda escutava, durante a madrugada, os fantásticos Ritmos da Panair através do som potente de um rádio Phillips holandês, tipo capela, que invadia nossos quartos vindo do restaurante Gruta Jaguarense, situado na esquina em frente ao sobrado onde residíamos. No cinema, assistindo as chanchadas da Atlântida, impressionava-me com a interpretação de Silva Neto para Nervos de Aço, cuja autoria ignorava fosse de Lupicínio Rodrigues, ilustre desconhecido para esse analfabeto musical. A ZYU-7 Rádio Cultura de Jaguarão tinha seus programas vesperais de calouros, aos sábados, apresentando as atrações locais no Cine Theatro Esperança, onde pontificavam o regional dos filhos do seu Agostinho – Canhoto, Lourenço e Moacir – e mais o violonista Nery Antonini, além de Napoleão, Severo e Adalberto Mendes, notáveis seresteiros, cuja fama propagava-se por toda nossa Zona Sul do Estado e estendia-se Uruguai adentro. Assim, deleitava-me com esse espetáculo e aproveitava para apreciar a beleza dos cabelos louros encaracolados e pele rosada da jovem Eva Maria Arismendi, nossa futura Miss Rio Grande do Sul, que sempre se fazia presente na platéia acompanhada do Claudinho, seu irmão menor.