quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Zadir Prata ****** O CASÓRIO ( II ) **** A Folha (Jaguarão) - 03/12/88

Tomadas as providências para o início da cerimônia, um oh geral ecoou quando a noiva apareceu sorridente e com sua graça peculiar para juntar-se ao noivo que, qual uma estaltua, mantinha-se tão empertigado que parecia ter engolido um poste telegráfico.
O Escrivão iniciou as leituras dos atos, todos os presentes estavam sérios, circunspectos e só se ouvia o zunzum de umas moscas que teimosamente circulavam entre as pessoas, mimosamente levando uns petelecos se ousavam pousar nas testas, faces ou cabelos de qualquer um.
De repente, e foi de repente mesmo, pois ninguém esperava o sucedido, o Escrivão, após um discreto sinal do Juiz, cabisbaixo, fechou o livrão preto e, juntamente com aquela autoridade, em passos rápidos saiu em direção ao fordeco, onde logo se acomodaram.
A confusão criada foi enorme: uns ficaram em casa imobilizados, outros correram para o fordeco, enquanto outros ainda prestavam os socorros compatíveis à Dª. Tércia, mãe da noiva, atacada por violenta falta de ar: seu Prisco, corria para lá, corria para cá, fazia que ia mas não ia, até que seu Floro, subprefeito do Distrito, fazendo valer sua autoridade, pedia calma a todos e disse que ia falar com o Senhor Juiz.
O Juiz, com calma e delicadeza, explicou que o casamento não poderia ser realizado, uma vez que, terminadas as leituras competentes, ele (juiz), ao perguntar aos noivos se estavam conformes, a noiva respondera que sim, mas o noivo dissera que não a referida pergunta; acrescentou que foi repetida mais duas vezes e mais duas vezes a negativa foi dita pelo nubente.
Assim sendo, diz o Sr. Cantalício, o casamento... – mas não pode terminar a frase, pois o noivo pediu permissão e falou:
- Entendi o Senhor perguntar se eu estava com fome e respondi que não, mesmo porque aprendi com meu pai desde criança que homem deve comer pouco no dia do casamento e não tem fome.
Tudo explicado voltou a calma.
O casamento foi realizado e como em toda história que se preza, vamos ao fecho – o casal viveu muitos anos e foi muito feliz.
Como em filmes e novelas de TV, exceto os nomes do Senhor Juiz, do Senhor Escrivão e do Vieirinha (José Dalberto de Souza), os demais nomes são fictícios e qualquer semelhança é mera coincidência.

Um comentário:

Anônimo disse...

Daria um filme italiano de costumes provinciais ou, pelo menos,daqueles que a RBS passa aos sábados ao meio dia sobre histórias pitorescas ou de assombração...
CBPC