quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Zadir Prata ******* O CASÓRIO ( I ) **** A Folha (Jaguarão) - 03/12/88

O mês de dezembro de um dos últimos anos da década de 30 transcorria calorento, mas dentro da normalidade costumeira, sem nenhuma semelhança com os alterados tempos atuais, fustigados pelo denominado efeito estufa.
Em determinada casa do interior de um dos distritos deste município, um ritmo acelerado dominava todas as atividades – das paredes ao chão, das árvores ao galinheiro, tudo era limpo e retocado e nenhum descuido poderia ser notado pelos mais exigentes fiscalizadores.
E também não era para menos: mais uns doze dias e haveria o casamento de Aurélia, uma prenda bem aprumada, com Genésio, guapo ginete, ex-cabo do Regimento de Cavalaria, melenudo muito apreciado pelas demais moças casadoiras das redondezas, que não podiam ou não queriam compreender os motivos que levaram o galã à escolha feita.
Dia após dia, a azafama caseira sempre crescendo, e chegou o sábado tão esperado para início e término da festividade. Às três horas da tarde – o casório seria às cinco -, os ternos de brim impecavelmente duros de tão engomados e os vestidos rodados de cores berrantes já enchiam salas e tomavam conta das sombras das árvores do terreiro.
Entre uma e outra roda de chimarrão, as conversas estavam animadas e normalmente giravam em torno do Estado Novo, recém criado, e das esperanças de melhorias sociais e econômicas que traria.
Pouco antes das cinco, suspendendo uma polvadeira soberba, surgiu o fordeco que trazia as autoridades da cidade para concretização do sonho de muitos – dos noivos, dos pais, do restante da família e dos convidados, pois havia muita comida e muita bebida para serem consumidas...
O fordeco chegou e era dirigido pelo próprio Vierinha, dono da melhor garagem de Jaguarão, gaúcho bom, um grande coração, excelente amigo.
O suspense era total – todos se aproximaram do automóvel e se empertigaram para as saudações ao Senhor Juiz e respectivo Escrivão.
Parada a máquina saltaram: o Senhor Juiz, Cantalício Resem, figura ímpar de honestidade e justiça, um desses varões impolutos que, neste vale de lágrimas em que vivemos, vem escasseando de século para século, e o Escrivão, Francisco Nogueira Júnior, o seu Chiquinho, amigo de todos e para todas as ocasiões, honesto e criterioso, um padrão de cidadão-exemplo.
(continua na próxima postagem)

Zadir Prata ****** O CASÓRIO ( II ) **** A Folha (Jaguarão) - 03/12/88

Tomadas as providências para o início da cerimônia, um oh geral ecoou quando a noiva apareceu sorridente e com sua graça peculiar para juntar-se ao noivo que, qual uma estaltua, mantinha-se tão empertigado que parecia ter engolido um poste telegráfico.
O Escrivão iniciou as leituras dos atos, todos os presentes estavam sérios, circunspectos e só se ouvia o zunzum de umas moscas que teimosamente circulavam entre as pessoas, mimosamente levando uns petelecos se ousavam pousar nas testas, faces ou cabelos de qualquer um.
De repente, e foi de repente mesmo, pois ninguém esperava o sucedido, o Escrivão, após um discreto sinal do Juiz, cabisbaixo, fechou o livrão preto e, juntamente com aquela autoridade, em passos rápidos saiu em direção ao fordeco, onde logo se acomodaram.
A confusão criada foi enorme: uns ficaram em casa imobilizados, outros correram para o fordeco, enquanto outros ainda prestavam os socorros compatíveis à Dª. Tércia, mãe da noiva, atacada por violenta falta de ar: seu Prisco, corria para lá, corria para cá, fazia que ia mas não ia, até que seu Floro, subprefeito do Distrito, fazendo valer sua autoridade, pedia calma a todos e disse que ia falar com o Senhor Juiz.
O Juiz, com calma e delicadeza, explicou que o casamento não poderia ser realizado, uma vez que, terminadas as leituras competentes, ele (juiz), ao perguntar aos noivos se estavam conformes, a noiva respondera que sim, mas o noivo dissera que não a referida pergunta; acrescentou que foi repetida mais duas vezes e mais duas vezes a negativa foi dita pelo nubente.
Assim sendo, diz o Sr. Cantalício, o casamento... – mas não pode terminar a frase, pois o noivo pediu permissão e falou:
- Entendi o Senhor perguntar se eu estava com fome e respondi que não, mesmo porque aprendi com meu pai desde criança que homem deve comer pouco no dia do casamento e não tem fome.
Tudo explicado voltou a calma.
O casamento foi realizado e como em toda história que se preza, vamos ao fecho – o casal viveu muitos anos e foi muito feliz.
Como em filmes e novelas de TV, exceto os nomes do Senhor Juiz, do Senhor Escrivão e do Vieirinha (José Dalberto de Souza), os demais nomes são fictícios e qualquer semelhança é mera coincidência.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Vamos combinar o próximo piquenique lá no outro plano?

Há muito, muito tempo, eu nem tinha nascido, fôra a minha tia (a que tem a criança no colo), Maria José, irmã de meu pai José Dalberto (ausente).
Há muito tempo, tinha partido a minha mãe Maria Francisca, nem cheguei a conhecê-la.
Algum tempo depois, foi a vez da avó Delfina, a qual tinha tomado emprestado, mãe de Cantalício e Modesto.
E o tempo passando, acabou levando o tio Modesto (de chapéu e lenço no pescoço).
Passado um certo tempo, aconteceu a perda da minha tia, segunda mãe, Florisbela, também irmã do meu pai.
Mais algum tempo e lá se vai o seu esposo, tio Cantalício, meu pai substituto.
E, neste último fim de semana, mais duas perdas afetivas – a do meu primo Anysio (no plano mais elevado, em cima dum cavalo) e da minha prima Hilda (ali ao lado da minha mãe).
Hilda era filha de Maria José e Joaquim Mello (na ocasião ausente), viúva do General Ociran Sebastião de Almeida e mãe de Luiz Fernando, Eduardo Ubirajara e Regina, afora os netos e bisnetos (?), há muito radicados no Rio de Janeiro; vaidosa, esbanjava classe e vitalidade até ser atingida por moléstia degenerativa.
Quanto a Anysio de Souza Resem, 85 anos, irmão de criação, filho de meus tios Florisbela e Cantalício Resem, viúvo de Lecy que gerou-lhe os filhos José Augusto, Lia e Luiz Augusto (considerando-se ainda a descendência dos netos); e também de Mirnaloy, em segundas núpcias, de cuja união deixou os filhos Anysio Filho e Quênia, eu teria muito mais a dizer devido a um convívio familiar mais frequente e prolongado.
Um abnegado acima de tudo, com profíqua atuação durante anos na comunidade jaguarense, ora como provedor na Santa Casa de Caridade e na Associação Protetora dos Desvalidos, ora como presidente da Associação Comercial e, posteriormente, da Associação dos Aposentados de Jaguarão, dedicando-se de corpo e alma na gestão dessas instituições, a ponto de prejudicar os próprios negócios.
Benjamim da família, optou pela permanência na cidade natal a fim de dar assistência a seus genitores, já aposentados, e assumir a propriedade da Livraria e Tipografia A Miscelânea, além de dar continuidade á publicação do jornal “A Folha”, tradicional semanário da cidade, herdando o idealismo de Cantalício e Florisbela no espírito pioneiro de tais empreendimentos.
Para mim, ficaram as doces lembranças do companheirismo sadio, quando nossas idades superavam a barreira da diferença acentuada, no diálogo franco, nos conselhos abertos, nas discussões acaloradas, na colaboração recíproca aos problemas alheios.
Como esquecer aquelas vezes em que, ainda garotinho, e ele já moço taludo e namorador, insistia eu para que me levasse nas noites de segunda-feira ao Cine Theatro Esperança para assistir aos seriados do Tom Mix e, já na outra semana, era ele quem vinha me perguntar se eu não ia ver a continuação do folhetim?
A criança de colo, Lucy, próxima de atingir oitenta, e a menina com chapéu na mão, Nilza, quase chegando aos noventa, irmãs do Anysio, estão ai como testemunhas daquele piquenique na chácara do tio Cantalício.

domingo, 25 de novembro de 2007

Como exercer a missão de educar?

Em 1956, estávamos no curso científico do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre e, num dos intervalos entre dois períodos de aula, aguardávamos a chegada da professora de Desenho, discutindo sobre a mais rentável das profissões liberais.
Eis que a nossa mestra, Olga Paraguaçu, surge desapercebidamente, inteirando-se do teor da nossa polêmica e, para calar-nos a boca de uma vez por todas, sentencia do alto da sua cátedra - explorar um rendez-vous é muito mais negócio, vocês nem precisam estudar!
Decorrido meio século, ainda vivenciamos nos dias atuais a mesma mentalidade daquela época e a escola pública está aí formando alunos que só pensam no benefício próprio, sem oferecer nada em troca aos contribuintes que lhes custearam os estudos.
Em 1988, esteve em Porto Alegre a Doutora Pilar Quera Colomina, coordenadora do programa educacional implantado na Espanha - Vivendo Valores na Educação - para mostrar o mesmo a docentes da rede pública estadual.
Na ocasião enfatizou que, apesar de se ter a tecnologia à disposição e convivendo-se com uma gama imensa de informações, ainda não foram equacionadas questões primárias de relações humanas.
Para tanto, propunha-se uma reflexão na Escola sobre valores universais, tais como amor, felicidade, honestidade, humildade, liberdade, paz, respeito, responsabilidade, simplicidade, tolerância e unidade.
Infelizmente, nos dias de hoje, deparamo-nos com a dura realidade do descaso de nossos homens públicos na questão de serem alocados maiores recursos para investimentos em áreas altamente prioritárias como a saúde e a educação.
Dói-nos saber que os parlamentares brasileiros são os mais caros do mundo, chegando ao cúmulo de obterem, cada um, remuneração equivalente ao total acumulado de salários médios de 688 professores.
O exemplo que vem de cima é acachapante, de total desinteresse pelo bem público, desencantando ainda mais aqueles que batalham por condições mais dignas para exercerem a sua árdua missão no magistério.
Às vezes, o conhecimento intuitivo de muitas pessoas iletradas e bem intencionadas demonstra muito mais prudência face ao total despreparo de muitos bacharéis e diplomados, tão ignorantes no trato com as mais simples necessidades humanísticas.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Música de afro-descendentes em evidência

João Pernambuco, Jefferson Lima, Paulinho DiCasa, Kako Xavier, Mário DuLeodado e Dão Ribeiro, a linha de ataque no campo do Musicanto.
Prece e Canção, maçambique com letra de Hércules Grecco, recentemente falecido, e música de João B. Filho e João Pernambuco, foi a grande vencedora do 22º Musicanto de Santa Rosa, consagrada pelo júri e pelo público que aplaudiu em pé a apresentação de Kako Xavier e Tribu Maçambiqueira com o palco transformado numa autêntica festa do mar.
Também em 1994, outro maçambique Senhora Rainha (Ivo Ladislau/Beto Bollo) e em 1995, o quicumbi Maçacaia (Ivo Ladislau/Luiz Carlos Martins/Beto Bollo) já haviam levantado o caneco nas 12ª. e 13ª. edições desse Musicanto, ambas interpretadas pela cantora Loma (com Kako Xavier, nessa última), lídimas expressões da música afro-litorânea.
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Acontece amanhã, dia 21/11/2007, a apresentação do espetáculo Porto Alegre, Meu Canto No Mundo, com sopapo e voz de Giba Giba no Solar dos Câmara (Duque de Caxias,936), às 18h30min, além da participação da cantora Maria Lúcia e a banda formada por Marco Farias (teclado, violão e voz), Edu Nascimento (percussão e voz) e Filipe Narciso (baixo e voz).
Um dos grandes expoentes da cultura negra no Estado, o pelotense Giba Giba tem recebido várias honrarias devido a sua notável atuação no resgate da influência dos afro-descendentes em nossa civilização, contribuindo assim para a eliminação do preconceito racial e para a recuperação da auto-estima de uma etnia oprimida em alguns séculos da nossa História.
Entrada franca, como se não bastasse a oportunidade de assistir e prestigiar o nosso Gibão.
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Já nesta próxima quinta-feira, dia 22/11/2007, ás 20 horas, na Usina do Gasômetro (sala 504),
o nosso amigo Marco Farias volta à cena para acompanhar no piano, junto com o baterista Flávio da Costa, a cantora Calé/Helena Machado, num espetáculo que toma como ponto focal a construção da identidade através de ações afirmativas sobre a memória recriada da escravidão, sobretudo a memória. sobretudo a memória de resistência, de orgulho, de dignidade e de riqueza cultural da etnia negra.
Montagem do repertório inspirada nos Griôs Mandingas, um dos grupos étnicos africanos guardiãos, propõe-se a mesclar essas peças tradicionais com a música popular mais atualizada de sonoridade afro-brasileira, assinadas por Baden Powell, Milton Nascimento, Gonzaguinha, Jackson do Pandeiro, Paulinho da Viola e Vissungos, ao lado de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Velos e, indo mais fundo, Lamartine Babo, Noel Rosa e Assis Valente.
Na data em que se comemora o Dia do Músico, vale a pena conferir esse retorno às raízes.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Quando é que a nossa OSPA executará esta peça musical?









Ultimamente, temos recebido algumas mensagens em nosso computador de divulgação turística de nossa Capital. Não resta dúvida de que se trata de peças publicitárias bem elaboradas e de muito bom gosto, que enchem de orgulho as pessoas que as recebem. Porém, o fundo musical Porto Alegre É Demais, interpretado pela primeira-dama Dª. Isabela, passa-nos a impressão de que o meu caro xará, o prefeito Fogaça, está tirando proveito da sua situação como alcaide do nosso município. Bastava um pouquinho mais de imaginação para se dourar essa pílula.
A Companhia Zaffari ainda hoje tem a venda em todas caixas de seus supermercados aquele CD com título homônimo da canção do nosso prefeito, puxando o desfile de belíssimas músicas de compositores locais, exaltando as belezas de Porto Alegre. Também o pesquisador Henrique Mann já nos legou o seu projeto do CD Porto Alegre Boêmia - Um Século de Canções, em dois volumes, amostragem que bem representa o meio musical bastante inspirado da noite porto-alegrense.
Até parece que nos pretendem impingir uma canção-símbolo para a Capital sul-riograndense, quando na realidade existem várias melodias em condições que nada ficam devendo umas às outras. Até pouco tempo atrás, existia entre nós um consenso de opiniões apontando Alto da Bronze (Paulo Coelho e Plauto Azambuja), Porto dos Casais (Jayme Lubianca) e Rua da Praia (Alberto do Canto) como as músicas mais representativas do nosso cancioneiro.
Que se faça, pois, um passeio através da nossa geografia musical mostrando em vídeo atrações turísticas que vem sendo desvendadas com as composições de vários de nossos autores.
Para visualisar em tamanho maior, clicar na ilustração.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

10 de novembro de 1922

Jessé Silva (violonista/compositor), Waldir Justi (poeta/compositor), Orlando Johnson Silva (composi/cantor), Rubens Santos (composi/cantor), Lucival Rabello (intelectual), Jayme Lewgoy Lubianca (poeta/compositor), Joaquim Oliveira, o Quinzinho (poeta/compositor) e Dario Dallegrave (pandeirista) podem ser considerados os principais integrantes dessa tropa de elite da música popular do Rio Grande do Sul e ai estão reunidos numa das confrarias do restaurante do C.I.B. - Centro Ítalo Brasileiro - que se situava na rua João Telles, do bairro Bonfim.
De cada um deles e de outros tantos, ainda guardo as melhores recordações do tempo em que costumava frequentar aquela tradicional casa de encontro da boêmia porto-alegrense.
Tomara que eu consiga estender-me sobre cada um dos mesmos, salientando a sua importância no cenário artístico da nossa capital.
Mas hoje devo deter-me nessa legenda que inscreveu o antigo nome de Porto Alegre na geografia musical do Brasil.
Eí-lo por aí batalhando para poupar a sua rica existência na convalescença de inesperada moléstia que recentemente o manteve hospitalizado em período de observação.
Graças a Deus, nada de mais grave foi constatado em seu estado de saúde, além do físico debilitado pelos medicamentos ingeridos.
Conserva ainda aquele astral típico da sua personalidade, com a mente jóvem e sempre pronta a desfrutar as benesses que a vida lhe proporciona.
Tive oportunidade de ser orientado, através da sua experiência de pessoa aberta e bem relacionada em nosso meio cultural, no projeto Por Amor à Música, onde resgatamos composições de Alcides & Antoninho Gonçalves, Francisco Campos, Guilherme Braga, Jessé Silva, Jorge Machado e Paulo Sarmento Filho, relegadas ao ostracismo.
Inclusive, tive a honra de intimar-lhe para que fizesse de viva voz a sua interpretação da música de sua autoria, símbolo da nossa Capital - Porto dos Casais.
É sempre bom lembrar coisas passadas,
rever os lampiões, os ancestrais.
Singrando no Guaíba, apareceram
os velhos fundadores, coloniais.
Chegaram tão alegres, alegres por demais.
Fundaram esse porto dos casais,
é porto "Porto Alegre", antigo dos casais,
saudade dos tempos que não vem mais,
não vem mais... não vem mais... não vem mais...
Sou, pois, testemunha do seu carisma e influência como chave que abria todas as portas para termos as melhores condições de executar o nosso trabalho de captação fonográfica.
Jayme Lewgoy Lubianca atinge nesta data a invejável marca de 85 anos bem rodados e cuidadosamente dirigidos na estrada sinuosa do destino.
Parabens, ilustre confrade, e pronto restabelecimento para que possamos continuar usufruindo desses bons fluidos emanados com a tua eterna alegria de viver!

domingo, 4 de novembro de 2007

GREI MÍSTICA* comemora niver

****** UM GRUPO DE CONSELHEIROS GREMISTAS ******
(apenas o octagenário teve peito para vestir a camiseta - te cuida, Tcheco!) *** Para não dizerem que este não é um espaço democrático e para que não hajam dúvidas, o blogueiro esclarece que é colorado... de quatro costados! *** E estamos conversados.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Nossa Rosinha no Jô Soares: cadê?

Terça-feira passada, aqueles que compareceram ao Foyer Nobre do Theatro São Pedro para assistir a apresentação de Norma Duval ao ensejo do lançamento do primeiro disco em sua trepidante carreira artística, viveram uma noite inesquecível.
Espetáculo intimista, com a chegada do público bem antes de começar, notava-se a presença da cantora recebendo e saudando a todos seus amigos e admiradores com a sua notória simpatia.
Coube ao destacado instrumentista e ator de Tangos e Tragédias, Hique Gómez, a tarefa de proceder a abertura da cena, ocasião em que detalhou a importância que Norma Duval representou para a sua carreira desde a época em que iniciou a parceria de música ao vivo na Cantina D'Itália, a qual perdurou durante um bom tempo.
Gómez então declarou que, nessa época, conseguiu assimilar muito do seu gosto pela música popular graças a essa longa convivência melódica com La Duval.
E chamou Norminha Duval para o aplauso delirante da platéia, numa entrada triunfal antecipando todas as emoções que estavam reservadas aos presentes.
A cantora demonstrava de todas maneiras a sua imensa alegria de compartilhar com todos mais essa conquista pessoal - sorria, distribuia beijos, conversava com o auditório e interpretava nas cordas de seu querido violão a riqueza do seu repertório bem escolhido.
Até o mestre Glênio teve direito de ser saudado com o parabens pra você alusivo à recente passagem dos seus oitenta anos, entoada por um público vibrante e participativo.
Inclusive, Norminha chegou a cantar e tocar apenas uma vez, mostrando a versatilidade do seu talento.
Para finalizar, Hique Gómez subiu ao palco e reviveu com seu bandolim, em dupla com o violão mágico de La Duval, a época marcante da Cantina D'Itália, provocando a participação das palmas marcadas do auditório que também chegou a fazer coro na execução da imortal criação de Pixinguinha - Carinhoso - sob a batuta magistral do maestro Glênio Reis.
Aplaudidíssima de pé pelo público, Norminha emocionava-se com a repercussão do seu trabalho que a essa altura dos acontecimentos deve estar ocasionando uma dorzinha de cotovelo no impoluto Jô Soares...