segunda-feira, 27 de outubro de 2008

CHIRU BUENO DAS CHARLAS

No começo deste mês, fui surpreendido ao receber mensagem em meu computador de velho amigo e companheiro das jornadas literárias na casa do saudoso Laury Maciel. Era o Marco Aurélio Vasconcellos, grande cantor e compositor, parceiro de Luiz Coronel em notáveis clássicos do cancioneiro gaúcho. Então me comunicava que estava com um novo parceiro letrista (Martim César Gonçalves, meu conterrâneo, jovem de imenso talento), com quem vinha fazendo composições incríveis. Dizia ainda estar vivendo um momento excelente na área musical e que não se lembrava de haver criado tantas canções quanto agora. Em contrapartida, suas criações literárias andavam em compasso de espera até que pretendesse retomar essa atividade. ********************************************************** Daí passei para o assunto da troca de figurinhas com o pessoal do Martim César que já tinha me falado E que acompanhava pela imprensa a trajetória deles pelos festivais, em que vinham obtendo algumas premiações. Salientei-lhe o quanto mais velho o vinho fica melhor, assim a sua experiência estaria valendo na criatividade de agora. E, se não perder a embocadura, o som sai ao natural, não obstante estar aprimorando o imelhorável. Depois lhe deixei o meu palpite de que a música era o seu chão e que deixasse a literatura para quando lhe desse um ataque de estupidez. *********************************************************** E o Marco prossegue citando a esplêndida interação entre a sua melodia e a letra do Martim César, após ter ponderado que poesia é uma coisa e letra de música é outra, evitando-se o texto longo nesta. Didaticamente, expõe o quanto a rima e a métrica não trazem prejuízo musical se inexistentes ou eventuais, apesar de que a rima produz uma cadência toda especial e a métrica facilita a criação melódica. Então afirma: “De qualquer forma, acho o texto dele maravilhoso. Considero-o um dos melhores letristas da nova geração e me orgulho de ser seu parceiro, havendo reciprocidade nisso, porque ele também pensa o mesmo de mim... Há dois anos que o conheci. Eu andava, até então, produzindo cerca de três a quatro músicas por ano. A partir de então, meu processo de criação se exacerbou - ...respiro música, sonho com música e ela vai brotando a torto e a direito, mesmo que eu não tenha o violão nas mãos. É incrível ...nessa minha trajetória musical que já não era pequena e agora se agigantou.” *********************************************************** Foi aí que eu tive de me explicar sobre o ataque de estupidez – expressão que poderia soar como pejorativa – exemplificando com o Chico Buarque, quando enjoa de música, mete-se a escrever romances, algo cíclico assim como sua fase melódica atingindo o auge, ocorrendo hoje com ele Marco Aurélio. Considerava eu, no final das contas, letrista e melodista deviam confundir-se para se tornarem somente compositores. A propósito de métrica e rima, lembrei-lhe de uma conversa nossa anterior em que ele falava da musicalidade dos versos do Jaime Vaz Brasil, justamente por serem mais livres, mais soltos. E também daquela vez em que o santo lhe baixou bem na hora em que se dirigia ao Banco para pagar uma conta, as notas brotando na mente e ele se impacientando com a possibilidade de que algum conhecido lhe cumprimentasse no caminho, interrompendo-lhe a concentração. *********************************************************
O Marco Aurélio ainda me fala de outras parcerias lá por Jaguarão com o Alessandro, irmão do Martim César, e com o José Francisco Sabbado, sogro deste, enfim reatando-se a sua antiga amarração com a terrinha que ele veio a conhecer há mais de vinte anos, no tempo em que era advogado do JH Santos. Inclusive que teria escolhido ali participar da fase regional da Califórnia da Canção, tendo subido ao palco junto com Regis Bardini, grande violonista jaguarense. “Mas a minha gana é fazer um show por lá” – enquanto isso podemos assistir ao vídeo da Seresta Nossa dos Pampas na barra lateral.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois é tio Zézinho, há grandes chances desse show se tornar realidade futuramente. Com a vitória do Cláudio pra prefeito teremos muitas novidades na área da cultura em Jaguarão. Vamos aguardar. Beijos.

Anônimo disse...

Desculpe, esqueci de me identificar no comentário acima. Hilda

Anônimo disse...

Ontem estive com o Marco Aurélio Vasconcellos. Falou muito bem de ti. É bom termos amigos como ele. Com a quelidade humana e musical que possui.

O teu blog é muito bom. Tenho ele nos favoritos. Estás, ao teu modo, registrando toda uma série de histórias e personagens que de outra forma se perderiam no tempo. E com a tua sensibilidade poético-literária. Isso tem um valor inestimável.