sábado, 27 de junho de 2009

DISCONTUS : XXIX, XXX, XXXI & XXXII

DISCONTUS XXIX
Minha retina parece um cosmos onde se travam formidáveis batalhas navais.
Como guerreiro estelar, o oftalmologista é paciente, nunca desiste: dispara o canhão do laser e impede o inimigo de me jogar a visão no buraco negro.
DISCONTUS XXX
Minha cabeça é uma concha acústica, caixa de ressonância por onde penetram os ecos do passado que só me fazem escutar solidão.
DISCONTUS XXXI
Que fazes, minha doce menina, encerrada nesses olhos tristes? Por que se arregalam eles quando pareces que queres fugir?
Ah, esse arrebatamento como se bastasse um príncipe para te resgatar!
DISCONTUS XXXII
No cimo daquele morro, onde sopra o velho vento que tanto me desgrenhou esta crespa cabeleira, ainda quero contemplar a paisagem dos meus sonhos. O casario despencando suave, encosta abaixo, até chegar bem perto do meu caudaloso rio. Então me permitirei uma derradeira lágrima como minha despedida neste caminho sem volta.

Um comentário:

Lino Tavares disse...

Toda a manifestação poética é bem vinda.
Esta não é diferente.
Parabéns, você usou muito bem a isca da sensibilidade para pescá-la e distribuí-la aos que acessam seu Blog "novidadeiro".

jorn. Lino Tavares
Do Alegre