terça-feira, 26 de outubro de 2010

MÃOS QUE OFERECEM ROSAS

Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas,
Nas mãos que sabem ser generosas.
Dar um pouco que se tem ao que tem menos ainda,
Enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda.
Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas,
Nas mãos que sabem ser generosas.
Dar ao próximo alegria parece coisa singela,
Aos olhos de Deus, porém, é das artes a mais bela.
Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas,
Nas mãos que sabem ser generosas.
Não tenho a mínima idéia de quando o mestre Glênio Reis me enviou uma fotografia da sua saudosa esposa, Dª. Anésia Pereira Reis, em que ela aparecia junto a uma das belíssimas telas de sua autoria. Deveria tê-la reservado para uma homenagem que lhe pretendia prestar em vida, mas por um ato de negligência terminei perdendo a mesma nos escaninhos informáticos. Agora, diante dessa adversidade que se abateu sobre todos nós, animei-me a solicitar à sua filha, professora Ellen Rosa Reis, que me resgatasse esse precioso retrato.
Pois o amigo Glênio me comunicou nas primeiras horas do último sábado o passamento da sua amada Anésia, no Hospital Mãe de Deus, onde se encontrava internada há algum tempo, tentando minorar o sofrimento de uma insidiosa moléstia. Também me informava da cerimônia fúnebre que seria realizada às 9 horas do dia seguinte no Crematório Metropolitano de Porto Alegre. Por um dever de solidariedade à enlutada família, lá compareci e presenciei as mais comoventes manifestações de despedida àquele ente querido, coroadas pela sentida interpretação de seus familiares com a canção gospel, de autor desconhecido, Mãos que oferecem rosas.
Então fiquei pensando naqueles slides que Glênio me enviou contando a história de um senhor que mantinha sua fidelidade junto ao leito da esposa adoentada, acompanhados de um comentário seu: “esse velhinho sou eu!” Já ele confessava na postagem de 17 de fevereiro de 2008 em seu blogue quando completavam suas bodas de ouro: “A ela, simplesmente a ela, as glórias desta longevidade conjugal. Outra teria desistido no outro dia do sim. Sou um homem feliz, por causa dela; tenho uma família apaixonante, por causa dela e se cheguei à idade de 80 anos de vida, é única e exclusivamente, por causa dela.” Na ocasião, cheguei a comentar: “Não concordo quando você coloca o corpo fora, atribuindo toda a responsabilidade de um casamento duradouro única e exclusivamente para Dª. Anésia, uma pessoa extremamente compreensiva e incentivadora das suas iniciativas. Há que considerar ainda a química de uma união onde íons e cátions se atraem de uma maneira harmoniosa e, portanto, mérito seu também por cimentar tijolo a tijolo a construção de um lar feliz”.
Tive sempre a felicidade de ser muito bem recebido nas inúmeras vezes em que entrei em contato com esse pessoal extraordinário, tanto por parte das professoras Anésia (mãe) e Ellen (filha) como do próprio Glênio e da outra filha Rosy e a neta Carolina, e posso testemunhar da extrema gentileza e educação forjadas em ambiente harmonioso e pleno de edificantes exemplos. Com eles, obtive o privilégio de trocar várias mensagens através de nossos endereços eletrônicos, as quais Dª. Anésia costumava corresponder em generosos comentários. Nela que esbanjava cultura de maneira humilde, constatei um grande amor pelas artes nas primorosas telas que decoravam seu meio doméstico.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caríssimo:

Que bela fotografia que publicas da Dona Anésia. Uma lembrança admirável de sua figura e de sua arte.
Parabens pelo teu texto no qual transmites muita sensibilidade pelas lembranças que ela deixou.

Blog do Glênio disse...

Prezado Amigo José Alberto das àguas Doces.
Aqui estamos nós dois, Anésia e Eu a ler este teu maravilhoso blog, que nos emociona. Li e reli várias vezes até chegar a madrugada. A Anésia retirou-se mais cêdo porque ELE pediu que não demorasse a subir ao Céu.
E lá se foi a minha amada montada numa nuvem azul, entoando As Rosas Não Falam. Pode me esperar aí no alto amor, que haveremos de nos encontrar e fazermos uma visita ao Cartola.
O Blog Poeta das Águas Doces seguirá comigo, certamente.
Glênio Reis

Anônimo disse...

Querido "Seu Souza" agradeço o lindo depoimento sobre minha mãe e todos nós. Com certeza esta imagem de minha mãe permanecerá ainda mais VIVA em nossos corações ! Um abraço muito afetuoso da "outra filha" do Glênio.
Com carinho

Rosy Reis

Anônimo disse...

Olá,

O autor não é desconheciodo. Aliás, é uma autora, a irmã Judite Junqueira Vilela, de Ituiutaba MG, ainda viva. Escreveu em forma de poema, que, de tão lindo, logo virou uma bela e inspiradora música.

Nós brasileiros precisamos aprender a dar crédito a quem é de direito, não é mesmo? :)

Evelyne