quinta-feira, 29 de março de 2012

De Jaguarão-RS para Valinhos-SP (I)


01. – Em que o autor se inspirou para fazer o texto. Esta história é verdadeira? “Um Compromisso para o Natal” foi baseado num fato acontecido na Igreja de São Paulo, no Rio de Janeiro, que me foi contado por um primo meu. Rafael e Leila não são nomes fictícios, apenas transpus o relato para minha Jaguarão, adaptando-a a uma realidade fronteiriça. O personagem Rafael também me inspirei numa pessoa que conheci em Novo Hamburgo-RS, cujo pai sumiu na Revolução e muito tempo depois reapareceu aqui pelo Rio Grande do Sul cognominado João Sem Terra, vindo de Goiás aonde chegou a constituir outra família.
02. – Você já escreveu livros para adolescentes? Quais foram? Nunca escrevi qualquer livro para adolescente que, dizem os entendidos, serem os mais difíceis de serem escritos tal a complexidade da mente infanto-juvenil, apesar de ser marcante a influência que a infância exerce no imaginário do escritor. Aqui no Rio Grande do Sul, Sérgio Faracco tem se notabilizado pelas suas lembranças da meninice e meu Mestre Assis Brasil chamou-me atenção sobre o conto “Um Caminhão Marca Ford em Mau Estado de Conservação” que dizia comparável a obra daquele autor e digno de figurar em qualquer antologia de autores gaúchos. Este conto me deixou “marcado na paleta”, nem sei se conseguirei atingir nível igual - até certa leitora se dispôs a comprar o referido para me presentear...
03. – Você já escreveu livros que foram homenagens para alguma pessoa? Quem foi? Pretende fazer homenagens a mais pessoas? Quais? Dediquei “Um compromisso para o Natal” ao casal Delícia e Guadil Bittencourt, ela professora brasileira que me preparou para o exame de admissão ao Ginásio (2º lugar) e ele guarda aduaneiro uruguaio, seu marido e meu grande amigo, ambos falecidos, os quais me alertaram para certo pendor literário e coincidentemente um paralelo ao “par internacional” Leila e Rafael. A ficção se entrelaça com a realidade e todos nós temos a tendência de romancear os fatos do cotidiano, estabelecendo certa verossimilhança (para mim uma mentira que parece verdade). Em “O Mais Recente Lançamento” inventei uma história toda calcada em personagens reais, aos quais pretendia homenagear, porém, quando levei a mesma ao conhecimento do herói do meu relato, este me contestou “nada haver comigo, até o nome saiu errado que é com dobre vê”...
04. – Como surgiu a idéia de escrever esse livro? Por que decidiu ser autor? Sinceramente, nunca pretendi escrever um livro e minha maior aspiração era participar de certa “Antologia de Contistas Bissextos”. Porém, em 2009, quando da realização da I Feira Binacional do Livro em Jaguarão-RS, meu amigo Prof. Carlos José Azevedo Machado (Maninho), então Secretário Municipal da Cultura, me fez um desafio para lançar um livro de minha autoria na Feira do próximo ano. Assim me decidi colocar mãos à obra e fui juntando vários artigos que estavam na gaveta para compor “Lá pelas tantas” que o jornalista Marcello Campos, da Rádio Guaíba, teve a generosidade de revisar, diagramar, editar e prefaciar. Logo após, sai novamente a campo, desta feita juntando os textos de ficção e convidei o escritor Fernando Neubarth – outro que me cobrou uma obra solo - para prefaciar “Para Não Dizerem Que Passei em Brancas Nuvens”. Desta forma, consegui pagar aquela promessa feita ao Professor Maninho, lançando em 2011 os dois livros na II Febin.

8 comentários:

MARCELLO CAMPOS disse...

Souza,
é emocionante ver essa distância alcançada pelo teu trabalho. E ver que a gurizada ouviu com atenção, afinal - como bem sabemos - teus livros são saborosos. Como eu costumo dizer, a gente nunca sabe as boas surpresas que a vida nos reserva...

Abraço
Marcello Campos

Cabeda disse...

Há muito tempo, comentei contigo o quanto me emocionara a história do caminhãozinho Ford.
Para mim, o melhor de sempre do que escreveste (e escreves muito bem).
Creio que não deste muita importância.
Agora, vejo que o teu guru Assis Brasil tem a mesma opinião, embora com muito maior peso...

Anônimo disse...

Belíssimo e importante trabalho, grande amigo JAlberto! PARABÉNS!!! Um grande abraço.
Paulo

Anônimo disse...

Tio estava curiosa para ler essas respostas desde o dia em que me mandou o material relativo a esta viagem. Tenho certeza que os alunos ficarão satisfeitos com esse retorno que pode ser um incentivo para futuros escritores.Beijos.
Hilda

Academia de Letras de Crateús - ALC disse...

Prepare-se, poeta das águas doces, para receber os frutos deste seu trabalho, é um mel de doce!
Raimundo Candido

Carlos José de Azevedo Machado disse...

Amigo José Alberto de Souza, nosso Tio Zezinho. Desde que soube das notícias de Valinhos sobre tua obra, não tenho pensado em outra coisa se não ampliar este tipo de trabalho pelo Rio Grande, e começar justamente por Jaguarão. A coisa tá esquentando. Parabéns pela repercussão, fico muito contente. Na verdade eu tinha um sentimento de que quando lançasses um livor com tuas crônicas, aquela idéia que eu tinha de ser algo para "saborear" (como disse Marcello Campos) realmente se confirmou. Por hora, estamos saboreando outras crônicas no seu blog, mas esperamos novas publicações. Grande Abraço. Prof.Maninho

Anônimo disse...

Oi, Souza:
estou encantado e feliz com o sucesso que tens feito nessas tuas andanças por aí.
Mereces, porque além da qualidade literária que tens, és um batalhador.
Grande abraço e vão aqui os meus parabéns.
Marco Aurélio Vasconcellos

Anônimo disse...

Escritor José Alberto mais autores deveriam fazer este elo com os adolescentes. Vou repetir o que alguém já disse por aqui: esses jovens nunca mais esquecerão do diálogo que você teve a doçura de realizar com eles. O conto do caminhão é mesmo uma delícia e conforme diz Raimundo os frutos deste trabalho são mel. Parabéns às professoras e toda a equipe pedagógica do colégio. Abraço grande pra você! Fatima/Laguna/SC