segunda-feira, 25 de novembro de 2013

UMA FADA SEM VARINHA NO SUPERMERCADO


Em matéria de concretude, sou um péssimo aprendiz. Bem sei que substantivos e adjetivos abstratos não se prestam à escrita literária. De que adianta estar consciente desse fato, se volta e meia lá estou eu largando aqueles termos malditos como ternura, amor, paixão, querer, cobiça e desatino. Sem dúvida, um vício ocasionado pela preguiça em descrever essas sensações através de palavras concretas como o fez o cineasta Kielowski ao definir os títulos da sua Trilogia das Cores em “A Liberdade é Azul”, “A Igualdade é Branca” e “A Fraternidade é Vermelha”, nos quais, apesar de utilizar substantivos abstratos, torna-os visíveis pelo colorido de alguns espectros do arco-íris.
“Que me perdoem as feias, mas a beleza é fundamental” – até o poetinha Vinicius pisou numa casca de banana, considerando o grau de abstração da frase. Beleza interior então é terrível, um tremendo desafio para quem pretende traduzir um sentimento que só o coração consegue enxergar. Já a exterior enche os nossos olhos quando a contemplamos duma forma platônica, em que os sentidos não têm acesso. Evidente que beleza é um substantivo abstrato, pois necessita uma descrição mais detalhada como pinceladas artísticas na tela de um pintor, independente de sua fama, e requer uma apreciação crítica para ser devidamente avaliada. Aqui deixo claro que estou tratando da beleza feminina.
Elas não eram tipos de formosura, porém extremamente meigas e simpáticas, irradiavam um encanto para enfeitiçar qualquer pessoa a seu redor. Tinham um melodioso tom de voz que chamava atenção até dos mais indiferentes, um entusiasmo que sempre excitava a virtude e um brilho perene em seu olhar. Um caro custo para o coração não ver tanta beleza interior. Uma delas, tímida, pediu a uma de suas colegas para que me levasse seu álbum de recordações a fim de fazer a respectiva abertura. Ali deixei registradas aquelas primeiras impressões que deixavam de ser minhas ao compartilhá-las com outros parceiros também comungando da mesma admiração.
Tem gente que não se conforma ao constatar o resultado das consequências de uma Natureza inclemente com o passar dos anos, penalizando o que de mais belo existe. E lá se vão as divas da nossa mocidade, substituídas por outros modelos que vem ao encontro de nossos padrões estéticos, mas não se enquadram em nossa expectativa de vida. A mente permanece jovem, enquanto o físico se deteriora. Resta-nos apreciar o belo em todas suas manifestações, como se estivéssemos revivendo nossa juventude por meio de nossos descendentes. E elas estão ai, por toda parte, poderosas, cuidando da aparência, nunca repetindo uma mesma roupa, para muitas uma ferramenta de trabalho.
O bom gosto deve ser um componente importante na beleza exterior, assim como uma embalagem bem planejada ajuda na escolha de um produto de qualidade. Uma cara bonita ou um corpo esbelto pode atrair atenção para si, mas não passa de um diamante bruto que precisa ser lapidado. Para se produzirem, as mulheres enfrentam uma bateria de cuidados desde banho de loja até cabeleireiros e maquiadores que as tornam mais admiráveis nas festas e recepções sociais. Agora no dia a dia elas também se esmeram e demonstram seu potencial de elegância desfilando nos passeios públicos sem outros comprometimentos, a não ser modismos atuais.
O dia era sábado em que fazia as compras semanais num supermercado, quando avistei aquela donzela circulando entre gôndolas e balcões frigoríficos que me despertou o alerta para um detalhe jamais notado em qualquer mulher – a discrição – que a tornava ainda mais atraente. Não era daquelas espécies exuberantes, pois aparentava um equilíbrio incomum sem quaisquer exageros. Morena, de olhos comuns, traços faciais perfeitos, gestos graciosos, peso normal, manequim tipo tudo em cima. Elegante, vestia calça branca e blusa combinando, cabelos bem penteados, um mínimo de maquiagem, o mais simples e natural possível. Só lhe faltava uma varinha de condão para ser uma fada...
Quando me deparava com ela naquelas galerias e disfarçava com meu olhar tipo veneziana, parecia escutar uma voz telepática: “Quer olhar? Pode olhar a vontade!”

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

LIVRO DIGITALIZADO DE ACESSO GRATUITO

Clique na imagem para ver o catálogo da WWLivros
O presente trabalho literário, que ora vem a lume, englobando crônicas e contos, por certo irá surpreender os leitores. As crônicas abordam situações e fatos da sua Jaguarão, ali aparecendo vários personagens da cidade, alguns folclóricos, que Souza nos traz para nosso deleite. Não raro, o autor  se apresenta envolvido nesses fatos e episódios, deixando muitas vezes de ser apenas um narrador, para se tornar também  um partícipe deles, inclusive em alguns contos. Tudo numa leitura fácil e acessível e, por vezes, com epílogos surpreendentes e hilários. Suas abordagens, muitas vezes, pincelam em cores cinzentas os infortúnios dos desvalidos, os amores fracassados e experiências vividas no ocaso da existência. Enfim, coisas e fatos do cotidiano que grassam por aí, nem sempre à vista de nossos olhos e não raro longínquos dos nossos ouvidos.  

Prefaciado pelo cantor e compositor nativista Marco Aurélio Farias de Vasconcellos, consegui editar eletronicamente através de G2D Soluções Visuais, dirigida pelos irmãos Gustavo e Gabriel Demarchi, conceituados capistas de nossa capital, “O Velho Chateau Daqueles Rapazes de Antigamente”, uma seleção de textos já publicados em lançamentos anteriores. Em forma de PDF, foi-me possível distribuir pelo correio eletrônico a fim de testar, como balão de ensaio, a sua repercussão entre todos meus contatos. Face a receptividade obtida, convenço-me de acertar em cheio quando afirmo ser esta uma valiosa via alternativa para a divulgação de novos autores.


Faltava, porém, encontrar um portal para hospedar esse trabalho, que me foi proporcionado por WWLivros, loja e biblioteca virtual dirigida pelo escritor Prof. Marcelo Spalding que abre democraticamente a sua estante especializada em livros digitais, ebooks e livros online com o acesso das obras ali expostas, algumas das quais podem ser baixadas gratuitamente, afora aquelas colocadas para venda. Neste importante catálogo, com certeza pode ser achado mais um livro de nossa autoria que pode ser adquirido sem qualquer custo, a não ser impressão por conta do usuário. Além de outros lá disponíveis e prontos a atender qualquer gosto.

domingo, 20 de outubro de 2013

CALOU A VOZ DESTA CORRESPONDÊNCIA !

Alcides Carlos de Moraes (N.24/05/1916 - F.19/10/2013)

Meu caro poeta e amigo José Alberto,

Com o velho Mandarino, muito tênis joguei nas minhas idas a Jaguarão. O Rubem, o  conheci em um torneio de golfe na cidade gaúcha de Santana de Livramento, do qual tomamos parte. Era simpático como o  pai.
Um grande abraço do Alcides.



Boa noite, caro amigo Alcides:

Não sei se poderá lhe interessar, mas estou repassando mensagem que acabo de receber de Douglas, cujo personagem cheguei a conhecer e que era muito amigo do meu tio Cantalício. Grande desportista, teve um filho nascido em Jaguarão, campeão de tênis José Edson Mandarino. Outro de seus filhos Rubem Mandarino, também residiu em Jaguarão e estudou no IPA. Apenas isso, uma pequena recorrida ao nosso torrão natal.

Grande abraço,
José Alberto de Souza.



Olá, caro amigo Sr. Jose Alberto!
 Casualmente achei no livro Futebol e Reminiscências do autor Hermito L. Sobrinho, página 170, relato sobre um cidadão que nasceu ou morou em Jaguarão; trata-se do goleiro JACOMO MANDARINO, assim diz o livro:

-Jacomo Mandarino jogava futebol, boxe e tênis. Conheci Mandarino como delegado da policia de Jaguarão. Rubem Mandarino, seu filho, estudava no IPA  de Jaguarão e jogava numa equipe daquela localidade. Alem das funções de delegado de policia, ele era encarregado de vigiar exilados políticos. Viajava constantemente a Montevidéu, Buenos Aires e Santiago do Chile, sempre com sua raquete embaixo do braço. Dizia-me que a raquete era seu cartão de visitas junto aos desportistas destas localidades.
Outro trecho diz que Mandarino pai morava com seu filho Edson Mandarino, campeão de tênis, que conheceu em Jaguarão, com apenas um ano de idade. Fala de tal de Rubem Mandarino que jogou no Cruzeiro de Porto Alegre, em Rivera e Livramento.
Ainda na época do livro (1989) Rubem teria dito que seu pai Giacomo ainda jogava tênis aos 87 anos na cidade de Madri onde residia, apos isso ainda no mesmo trecho de noticia o autor afirma que ainda em 1987 acabou sendo surpreendido que Giacomo havia falecido em Madri como bem gostaria em quadra jogando tênis. sem mais.

At. Douglas

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Fantasmas, lembranças, por que estou aqui?



Às vezes, fico pensando que estamos chegando numa idade onde começam a partir as pessoas mais jovens e que ficamos para cumprir nosso carma.

Quantos de nossos ascendentes já não embarcaram no veículo celestial que os conduziu para outras paragens, após cumprida a sua proba missão.

Acredito que essa inconformidade parece acentuar-se quando nos vemos privados intempestivamente de nossos contemporâneos ainda tão outonais.

E as recordações começam a fluir de forma intensa e tão real em todo nosso cotidiano, levando-nos a duvidar da inexorabilidade d’um destino.

Luiz Fernando Mello de Almeida (primo em segundo grau) era filho de minha prima Hilda Mello de Almeida, casada com o general Ociran Sebastião de Almeida; neto de minha tia Maria José Souza de Mello, casada com Joaquim Luiz de Mello; bisneto de meus avôs Joaquina Teixeira de Souza e José Vieira de Souza, tendo assim ligações familiares em Jaguarão.
Sempre admirei o ramo Almeida dessa família por incutir em seus descendentes a aproximação de todo tipo de parentesco, gente que nunca deixava de procurar em qualquer de seus destinos. Como agora me comunica o filho Luiz Eduardo Fontes Mello de Almeida a missa de primeiro ano de falecimento de seu pai, atitude típica de seus saudosos avôs Hilda e Ociran e de seus tios Eduardo Ubirajara e Regina.
Ainda tenho na lembrança a vez em que prima Hilda, então residente no Rio de Janeiro, foi visitar seu pai, tio Joaquim, em Jaguarão, lá pelos anos cinquenta. Foi quando encontrou a prima Nilza, casada com o major Cesário, na época servindo no Regimento local, botando a conversa em dia nas tardes hibernais, ambas sentadas numa mesma cama e entrouxadas até a alma para resistir o frio intenso.
Cadetes da Marinha, tanto Luiz Fernando quanto Eduardo Ubirajara, não deixavam de atender os apelos da mãe, no sentido de procurarem parentes nas cidades onde aportavam em suas viagens de estudo como tripulantes do navio-escola Cisne Branco. Depois ambos decidiram se fixar mais em terra para estar bem próximos da família, formando-se em Engenharia Naval e passando a exercer atividades civis.

Aqui em Porto Alegre, Luiz Fernando chegou a ocupar a Diretoria de Informática do Grupo Ipiranga e implantou todo o banco de dados dessa empresa, atuando de terça a quinta-feira e passando fins de semana com a família no Conjunto Residencial Itaipu, em Niterói-RJ. Como trabalhava perto do BRDE, algumas vezes costumávamos almoçar juntos no restaurante do Palácio do Comércio, trocando ideias e noticiando atividades. Depois, soube que tinha deixado a Ipiranga para se integrar em consultoria na construção do novo aeroporto do Rio.

domingo, 6 de outubro de 2013

PERCURSO DE UMA LEITURA

“Eu sou de uma terra de imaginação. O gaúcho, aquela vida segregada na estância, com um convívio muito limitado, aquilo leva às fantasias, aos sonhos, ao conto, à história... De muito cedo, a gente está neste mundo de ficção. Eu penso que foi isso que me levou. Minha cidade, Quarai, é um lugarejo de três mil habitantes. Era aquela solidão numa savana, uma casa a léguas de distância da outra, naquele campo. Aquela solidão leva ao sonho, tem que se conviver com alguma realidade e a realidade que está mais à mão é o sonho, é a ficção” (final da entrevista concedida por Dyonélio Machado a Ivan Cardoso e Décio Pignatari em 1978, publicada na Folha de São Paulo de 21.12.1991).
Da obra de outro quaraiense, Cyro Martins, em “O Príncipe da Vila” (3ª. edição, Movimento/Curso Pré-Universitário, 1987) à página 18, transcrevemos: “Uma casa aqui, outra lá, tão distantes uma das outras que as vizinhas precisavam sair do seu pátio para ir encontrar a comadre, porque de janela a janela não se ouviam”.
Parece-nos que tais trechos podem servir de ponto de partida para entender Brandino, personagem no qual se centra o desenrolar desta novela. Lendo em voz alta, escutamos o ritmo da narrativa, muito semelhante ao de qualquer causo contado nas rodas de galpão. Floreios, detalhes, associação de idéias, histórias emendadas, fatos paralelos – recurso típico do narrador que escamoteia os rumos, espicha as falas, mantém os ouvintes atentos e ansiosos enquanto não lhes desvenda o desfecho. Apesar de se reconhecer, pag. 74: “Causos que se passavam na campanha, mas que não refletiam necessariamente a alma da campanha, isto é não eram campeiros”.
“Filho de uma penca de pais e de meia dúzia de mães” (pag.14), Brandino se torna resultante de uma época de farranchos que glorificavam coronéis e estancieiros, quando as carretas ainda cumpriam a sua função no transporte de mercadorias. E o trem – antecedendo o rádio e o telefone – era a marca mais evidente do progresso: ”Era uma festa quando o estafeta chegava, de quinze em quinze dias, trazendo jornais – o Correio do Povo, a Gazeta do Alegrete, o Diário Popular de Pelotas e o Correio do Sul de Bagé” (pag. 68). Cultura tosca formada em leituras esparsas, gerando confusões na semi-intelectualidade do autodidata: “Só que não foi o Bilac que esteve no Cati, foi o Coelho Neto” (pag. 40).
Por obras e artes do galo-músico Príncipe, da casamenteira dona Pitoca, do amigo Cardosinho, do padre José e da prostituta Dulce, o personagem se encaminha ao fatalismo da própria existência, conforme prenúncios da mãe Luzia (pág. 46): “Não atinava com o porquê, mas Brandino desde que viera ao mundo, lhe pareceu fadado a um destino estranho”. Brandino renuncia à acomodação de Nossa Senhora do Rosário, às suas origens, à mácula do seu passado e se auto-exila no Paraíso, a estância-herança da mulher Teresa, onde tenta repetir a simplificação do seu antigo ofício na Prefeitura: – desça à comissão de pareceres (o capataz Floriano), suba a instância superior (o próprio). Mas ai ele vai dar um novo sentido à sua vida, a do itinerante tio Brandino - missionário, curandeiro, pregador, conselheiro, artista, aglutinador, milagreiro -  preenchendo lacunas na solidão do pampa, compensando carências – ou (pag. 68): “Mais que isso, descobrindo parentescos, pelo lado paterno, dos quais não tinha bisca de notícias”.
O desfile de 66 personagens, quase uma lista telefônica local, a princípio estranho numa história que se desenvolve em 84 páginas, justifica-se como representação fiel de uma cidadezinha de onde todo mundo conhece todo mundo. E assim se nominam costureiras, parteiras, lavadeiras, carpinteiro, hoteleiro, barbeiro, dono da venda, dono da loja, dono do colégio, delegado e ordenanças. Também comum numa localidade do interior gaúcho, o tratamento respeitoso na época – comadre Luiza, compadre Anselmo, coronel Sabino, dona Santinha, seu Ataliba, dona Margarida, dom Alberto, dueña Ângela. A linguagem é autêntica na medida em que reproduz o toque regionalista desta narrativa, apesar de não se constatar nenhum abuso em termos que dificultem a compreensão do leitor – afora 35 palavras, algumas de nítida influência fronteiriça. As referências históricas (revolução de 1893, tratado de Pedras Altas em 1923) e geográficas (o Passo, Alegrete, Santa Maria, Uruguaiana, Porto Alegre) delimitam com precisão tempo e espaço.

Em suma, uma narrativa extremamente densa e de considerável fluidez na leitura.

domingo, 29 de setembro de 2013

O BÊBADO E A FLOR (UMA CENA URBANA)


Aquela gravata folgada 
no colarinho aberto,
o vento por perto,
soltando a camisa 
da calça quase arriada,
de que me adiantou
barba, cabelo e bigode
caprichados, ela nem notou.

Pra meus cacos juntar,
passei naquele bar,
tantos tragos que tomei
não foram suficientes
como estranhos confidentes
das mágoas que desabafei,
até sair de lá tropeçando
nas minhas lembranças,
na mão ainda levando,
entre outras esperanças,
este botão de rosa vermelha,
afinal foi o que me restou
duma apagada centelha.



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

De positivismo e sem mais outros cânones



Baseando-se na oralidade de seus antepassados, a prima Lucy (Souza) Resem Hidalgo escreveu, sem quaisquer pretensões literárias, apenas querendo deixar registro para seus descendentes, dois manuscritos sobre as origens das famílias Resem e Souza, sobrenomes paterno e materno. O histórico dos Resem remonta ao século XIX, por ocasião das lutas fratricidas entre blancos colorados, no Uruguai pós Independência. Ao  montar a genealogia dos Resem, relatou a história de Filomena Peres, curandeira residente em Pelotas: “Ela, que herdou dos avôs o conhecimento de ervas, tornou-se uma curandeira e fez muitas curas, inclusive curou o filho do intendente daquela época que, em agradecimento, deu-lhe uma placa para a porta com os dizeres de doutora.”
A propósito, a Constituição de 1891 do Estado do Rio Grande do Sul me vem à mente como única na Federação inspirada nos ideais positivistas de Júlio de Castilhos que apregoava a dispensa de diplomas aos profissionais de indiscutível competência. E até hoje se estende uma polêmica sobre a interferência de técnicos de nível médio em inúmeras atividades ditas exclusivas das “doutorais” profissões de advogados, engenheiros, médicos, economistas, contadores e outros mais para exercício do corporativismo da classe que, algumas vezes, ressente-se de falta de prática para completar sua formação. O que se pode constatar na batalha daqueles que ingressam no mercado de trabalho com poucas oportunidades de preparo nas empresas em que forem admitidos.
Valho-me dessa introdução para comentar interessante artigo da escritora Mafabami, intitulado “Breve aqui diplomas para escritores” e publicado em 21/06/2006, no site A Garganta da Serpente, no qual aborda a criação de um curso de formação de escritores e de agentes literários sob a coordenação de Fabrício Carpinejar na Unissinos. Nesse texto, a autora manifesta sua inconformidade com os cânones de diplomados, com o que concordo em parte, inclusive já tendo discutido o assunto em “Mais Currículo, Menos Diploma”, matéria que tratava do exercício da profissão de jornalista. Pois acredito na existência do talento inato, intuitivo, que prescinde de qualquer formação acadêmica, este sim “Doutor Honoris Causa”, com direito ao livre exercício profissional.
Por curiosidade, resolvo acessar o portal da revista Cronópios, no qual se encontra detalhada apresentação daquele curso através da matéria “Universidade pode formar escritores?” e me surpreendo com a riqueza e abrangência do interessante conteúdo curricular que se presta a auxiliar todos aqueles que buscam eficácia no ato de escrever. Tem gente que não se dá conta da necessidade de aprimorar seus precários dotes nas letras e que se aventura no “papel aceita tudo” de muitas editoras do “pagando bem que mal tem” sem receber a sustentação de um conselho editorial para examinar a possibilidade de investir no novo autor. Antes de tudo são “impressoras” que nem estão ai para o ecologicamente incorreto de “assassinar” árvores inocentes...  

Quanto a minha experiência em Oficinas e Seminários de Criação Literária, participando de grupos formados pelos professores Luiz Antônio de Assis Brasil (PUC), Laury Maciel e Léa Masina, tenho a dizer que foi muito proveitosa para a melhoria de meus textos, hoje mais enxutos e menos rebuscados. Estes me deram condições de frequentar algumas colunas de jornais e sites, aos quais tenho sido convidado para expressar minhas opiniões. Não me considero escritor formado e confesso que tenho muito a aprender, quando muito pretendia ser incluído numa Antologia de Contistas Bissextos, coordenada pelo escritor Sérgio Faraco, a qual me pouparia de alguns equívocos literários e me daria condição de encerrar com chave de ouro uma profissão que nunca pretendi exercer.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ESTES FORAM OS PAIS QUE EU CONHECI

A “pequena” Graciara de Fátima homenageou Florisbela e Cantalício Resem, os avós que conheceu, postando foto no "face", onde aparece junto com eles. Isto porque a vó Bela, na realidade sua tia-avó, era emprestada desde que aquele seu avô materno, enviuvou da sua verdadeira avó Rosa, irmã de Florisbela e grande paixão dele. Sua mãe Nilza era pequena quando ocorreu o surto de gripe espanhola em Jaguarão e, junto com vô Cantalício, permaneceram acamados e cuidados pela vó Rosa até ficarem curados daquela enfermidade. Após foi a vez de Rosa ser abatida pela insidiosa doença, sem chances de recuperação.
A bisavó Delfina, mãe de Cantalício,  então o aconselhava a procurar alguma outra moça para casar, argumentando que não tinha certeza se teria condições de criar a neta Nilza no seu tempo de vida restante – no entanto, longeva, conseguiu vê-la casada. Nessa época, Cantalício costumava visitar os sogros como forma de relembrar a sua efêmera felicidade. E, numa dessas vezes, enxergou a cunhada recolhendo um balde d’água na cacimba, nos fundos da casa. Lembrando dos apelos da sua mãe, aproximou-se dela sorrateiro, ganhou coragem e perguntou à queima roupa: “Florisbela, queres casar comigo?” E ela nem titubeou: “Quero”.
E assim Florisbela contraiu matrimônio com Cantalício e passou a cuidar da sobrinha Nilza como fosse filha verdadeira, além de aumentar a família com Anysio e Lucy, estes sim seus filhos e, por que não dizer, primos de Nilza, tornando-se pois a avó homenageada que Graciara conheceu pelo lado materno. Dona Edina e Seu Tourinho, de Belém do Pará, foram outros avôs – já falecidos quando esta nasceu - que deixou de conhecer por parte do pai coronel Cesário. Esta “Vó Bela” foi o grande esteio de um clã de 15 netos e inúmeros bisnetos e trinetos que forjou o carisma Resem através dessas sucessivas gerações.  
 Esse casal também, ele e ela, foram os tios que me criaram desde o falecimento de minha mãe Maria Francisca em consequência do parto (não existia penicilina na época), aos treze dias de nascido. Meu pai, José Dalberto, viúvo pela segunda vez e bastante abalado com mais esse golpe, não encontrou forças suficientes para se recuperar e achou por bem apelar para a solidariedade daqueles meus tios, sua irmã Florisbela e o cunhado Cantalício. Eles se dispuseram a me acolher como tutores até que eu atingisse a idade adulta, o fato vindo a se consolidar com o passamento de papai, após eu completar dois anos.
E eu acabei migrando para uma nova família, onde recebi a condição de “reisinho”, mimado pelos tios que se tornaram pais adotivos e pelos primos, os quais passaram a me tratar como irmão caçula. Nilza e seu noivo tenente Cesário já treinavam comigo os cuidados que dispensariam a sua futura prole. Ali fui crescendo cercado de regalias que Anysio e Lucy, mais graúdos, não dispunham. Travessuras que eram perdoadas como aquela de escalar as prateleiras de uma cristaleira desabando sobre mim e o susto que todos levaram até levantarem o móvel e me constatarem são e salvo em meio aos cacos de jarras e copos.
Florisbela era mulher prendada, cheia de energia, que trazia para si todos os encargos inerentes a uma administradora do lar, sem arrepiar na beira de um fogão a lenha, mesmo quando a fumaça da chaminé se voltava para dentro de casa. Pau para toda obra, fabricava em seus domínios produtos caseiros como velas, sabões, pães, bolachas, massas, linguiças, compotas de doces... Além de gerenciar a livraria e a tipografia “A Miscelânea” que passou a sua propriedade, quando Cantalício assumiu funções de Juiz de Direito da Comarca, intimado pelo Dr. Carlos Barbosa, então presidente do Estado. 
Já Cantalício era o intelectual autodidata, dado às lides jornalísticas, inclusive atuando na área assistencial como colaborador da Associação Protetora dos Desvalidos. Por muitos anos, dirigiu “A Folha”, um dos mais antigos jornais do Estado que ele fundou, até passar às mãos de seu filho Anysio de Souza Resem. Tinha uma chácara que dedicava especial atenção para abastecer sua residência de leite, verduras e frutas. Mais dado ao diálogo, não acreditava em castigos infligidos a seus descendentes e sim no exemplo de uma conduta ilibada que sempre soube transmitir com carinho e respeito a todos aqueles que se afastassem dos rumos traçados para um futuro ideal.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Brilho jaguarense na 27ª. Moenda da Canção


Encerrada no último domingo, a 27ª. Moenda da Canção, festival de Santo Antônio da Patrulha, apresentou como uma das suas finalistas a milonga “Decimas de Raiz Pampeana”, composição de Martim César, Paulo Timm e Alessandro Gonçalves, interpretada por Marco Aurélio Vasconcellos e João de Almeida Neto. Paulo Timm e Alessandro Gonçalves (violões base), Luciano Fagundes e Negrinho Martins (violões solo), Cristian Camargo (guitarrón) e Douglas Vallegos (baixo acústico) deram apoio instrumental no palco. Esta música ainda conquistou o 2º. Lugar entre as finalistas, alem de ser premiada com Melhor Visual de Palco e Melhor Letra (Martim César).

“Por Onde o Rio Passa”, canção de Zebeto Corrêa, de Belo Horizonte-MG, levantou o troféu máximo desse certame, cujo show de encerramento esteve a cargo do “tremendão” Erasmo Carlos. Foram membros da Comissão Julgadora: Luciano Maia, Adriano Sperandir, Ana Kruger, Rogério Villagran e Tabajara Ruas

A seguir, transcrevemos a Melhor Letra dessa 27ª. Moenda, como reconhecimento à esplêndida performance de seus intérpretes.

Venho do fundo do tempo
Abrindo trilhas na história
Madeira, seiva e memória
Que brotam livres no vento
Eu sou esteio, sustento
De pago, pampa e país
Eu sou a ancestral raiz
Que pulsa em cada semente
Eu sou a própria vertente
Do mundo que eu mesmo fiz

II
Eu sou o verso que encerra
Da minha estirpe, o sentido
Guerreiro ao fim preterido
Pelas partilhas de guerra
Aos outros tocou a terra
A mim, o dom de cantor
Mas sei que tem mais valor
Quem canta suas verdades
Com as rédeas da liberdade
De não ter lei, nem senhor

III
Não quero pena, nem glória
Por tudo que sou e digo
Tres raças cantam comigo
E atestam minha trajetória
Nas lutas demarcatórias
Junto aos fortins da fronteira
Eu fui a voz das trincheiras
No anteceder das batalhas
Fui copla de amor, fui mortalha
Dos gauchos de três bandeiras

IV
Não busquem meu nascimento
Rastreando antigos papéis
Meu berço está nos quartéis
De um tempo já sem idade
Mangrulhos de imensidade
Vigiando os quatro horizontes
No longe, o verde dos montes
No perto, as lagoas calmas
Em cima, o lume da Dalva
Prateando a água das fontes

V
Por isso não canto em vão
Nem sigo as falsas estrelas
Há tanta gente que ao vê-las
Renega o seu próprio chão
Mais vale essa comunhão
Entre o caminho e o andante
Que nesse andejar constante
Descobre ao mirar o mundo
Que o rio quanto mais profundo
Mais tempo terá por diante.

Esta gente, sim, que respeitamos e admiramos, merece todo o nosso confete!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

TAQUARAS QUE LEVANTAM NOSSO VARAL


O poeta Prof. Raimundo Cândido Teixeira Filho, de Crateús-CE, intimou-me a escudar junto com ele o folder do evento na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Então me dei conta que naquele instante estávamos estendendo um Varal literário entre extremos do nosso país, assim como o fizeram mais 43 escritores representando 23 cidades de 11 estados brasileiros, afora representantes do Exterior (Angola, França, Suécia e Suiça). Na ocasião, ocorria  uma sequência do lançamento do Varal Antológico III, realizado no mês de maio,  em Genebra/Suiça, com grande comparecimento de autores nacionais.

Anteriormente, já havíamos participado como co-autores da primeira edição dessa antologia e agora tornávamos a reencontrar velhos parceiros como  Flávio Goulart Barreto, Jacqueline Aisenman, Luiz Carlos Amorim, Maria de Fátima Barreto Michels, Rita de Oliveira Medeiros e Walnélia Corrêa Pederneiras. Além de conhecer as novas caras de Arlete Trentini dos Santos, Cesar Soares Farias, Gustavo Gottfried Barreto, Joana Rolim, Julio Cesar Bridon, Maria (Nilza) Campos Lepre, Pedro Antônio Corrêa, Sandra Nascimento e Thiago Furtado (Valdivaldi). Saliente-se a excelente organização sob a batuta de Zuleida Martins Rosa.

A nossa patronesse Jacqueline Aisenman, mentora deste “Literário Sem Frescura”, que reside há mais de 15 anos em Genebra/Suiça, em sua fala de apresentação do Varal III, ressaltou o interesse que tem observado na Europa pelo estudo da língua e literatura dos países de língua portuguesa. Um trabalho profícuo que vem sendo desenvolvido a fim de dar maior visibilidade aos autores que colaboram na revista eletrônica que é distribuída virtualmente nas mais diversas regiões do planeta. Sem dúvida um mercado potencial a ser explorado por todos aqueles que buscam a profissionalização na escrita.

Na oportunidade, os co-autores foram convocados a proceder distribuição gratuita dos exemplares dessa antologia a todos convidados ali presentes. Também foram colocados à disposição do público vários títulos de autoria dos companheiros “varalistas”, aos quais oferecemos “Minha Fachada Predileta” como lembrança deste nosso encontro. Em retribuição, fomos brindados com “O Grande Pajé” (Cesar Soares Farias), “O Último Gerente” (Izabel Pavesi), “Sentimentos Confiscados” (Jacqueline Aisenman), “O Sensual de Uma Forma Só Nossa” (Joana Rolim) e “Cratheús – Verso e Prosa” (Raimundo Cândido).

Com muita satisfação, registrei a presença de Hilda Terezinha Souza Pacheco, Ana Maria e Cláudio Dornelles, e Pedro Kaul Teixeira, meus convidados, os quais me deram imensa alegria ao comparecerem nessa festa transcorrida em 2 de agosto último. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

DE NORTE A SUL SÓ CONFRATERNIZAÇÃO

Recebemos da escritora e fotógrafa Maria de Fátima Barreto Michels gentil mensagem que abaixo transcrevemos:

OLÁ, amigo José Alberto poeta das águas doces! 
Boa tarde!

Agora já um pouco mais refeita da  empreitada de Literatura e gastronomia, venho lhe trazer algumas imagens da festa do Varal. Com mais tempo vou escrever minhas impressões sobre as leituras e também sobre os contatos. Foi muito bom estar em sua companhia  e dos demais escritores. Isto faz muito bem pra gente!

Receba carinhoso e fraternal abraço, 
Fátima.

Aqui estamos:


Pedro Corrêa, Norma, Amorim, Jacqueline, Fátima, Joana e José Alberto.
Norma, Flávio, Rita, Zuleida, Fátima e José Alberto.
Jacqueline Aisenman autografa para Walnélia Pederneiras.
Os lagunenses Antônio e Fátima Michels com o cearense Raimundo Cândido.

Em pé: Raimundo, J.Alberto, Nilza, Walnélia, Rita, Fátima, Bridon, Arlete,
Gustavo, Sandra, Cesar e Amorim.
Agachados: Jacqueline, Flávio Barreto e Pedro Corrêa.

terça-feira, 30 de julho de 2013

UM PEREGRINO EM DESTERRO ETERNO


Olhas para trás e enxergas uma longa estrada percorrida, um caminho sem volta, e tu ainda tentas fazer algo nesse tempo sem qualquer pressa.

Sem rumo, sem destino, tu consegues avistar tantos vultos sempre presentes em toda essa jornada, aparecendo vaporosos na penumbra do olvido.

Tens vontade de voltar nesse espaço curto para rever velhos companheiros e ficar remexendo n’algum bom combate em épocas ocultas da memória.

Uma pipa de bom vinho seria o suficiente para juntos brindarem então um efêmero reencontro de vocês com aquelas glórias outrora vivenciadas.

Dessa confraternização decerto nasceria um instante mágico de suprema harmonia entre seres afins, compartilhando os sucessos uns dos outros.

Porém, és andarilho solitário, um velho trapo esquecido dos prazeres, e vives quase a divagar pelos corredores do mundo em maldito mistério.

Tentas te manter na saga do itinerante para não perderes equilíbrio e cair em definitivo no solo duma desgraça plena a se anunciar iminente.

Já deixaste de ter qualquer paradeiro por não te submeteres aos grilhões daqueles teus desafetos, buscando te encontrar em vielas quebradas.

Uma estranha indiferença te tornou um nômade a percorrer um deserto de vida, apesar de inúmeros oásis aonde chegas para retemperar energias.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

UMA LETRA EM BUSCA DE UMA MELODIA

Para Glaci e Admar Rodrigues
Assopra esta brasa,
Acende o fogo da tua paixão,
Me chama de volta pra casa
Que eu venho correndo
Em tua direção.

Então vou enxergar
O teu vulto aparecendo,
Teus braços abertos
Sempre a me esperar
Como se não existisse
Todo esse deserto
Que foram os anos,
Eu nunca te disse,
De tantos desenganos.

E depois o futuro
Haverá de mostrar
Um caminho seguro
Que vamos trilhar...

terça-feira, 16 de julho de 2013

Mais um encontro marcado em Floripa / SC

Arlete Trentini dos Santos
 Varal do Brasil já está "soltando as suas feras" para lançar o
Cesar Soares Farias

Flávio Goulart Barreto

Gustavo Guttfried Barreto
VARAL ANTOLÓGICO III, no próximo dia 2 de agosto de 2013,
Jacqueline Aisenmann

José Alberto de Souza

Julio Cesar Bridon

Luiz Carlos Amorim

Maria de Fátima Barreto Michels
em Florianópolis, às 19 horas, na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Raimundo Cândido Teixeira Filho

Rita de Oliveira Medeiros

Sandra Nascimento
                              N Ã O   D E I X E   D E   N O S   P R E S T I G I A R !

Walnélia Corrêa Pederneiras

Valdeck Almeida de Jesus







sexta-feira, 12 de julho de 2013

COM TODAS CORES DA NOSSA BANDEIRA


Em tempos de "Protestos", vale ver uma bela imagem.
Simplesmente raro e lindo, este momento.
Oportunidade muito feliz do Fotógrafo. 
A BANDEIRA do BRASIL formada pela NATUREZA,
SOB e SOBRE o Rio Amazonas.
(Marcia Eliza Streb D’Sign)

Negro, Solimões, Branco, Juruá, Xingu, Purus,  Japurá, 
Trombeta, Tapajós,  Tietê, Paranapanema, Grande, Paraná, 
Iguaçu, Paraguai, Parnaíba, Gurguéia, Balsas, Urucui, Preto, 
Poti, Canindé, Longa, Acarau, Piranhas, Potenji, Jaguaribe,
Paraiba, Una, Pajeu, Turiaçu, Pindaré, Grajau,  Capiberibe, 
Gurupi, Pericumã, Itapecuru, Munim, Araguaia,  Mearim, 
Tocantins, Pardo, São Francisco, Ariranha, Grande,
Das Velhas, Salitre, Paracatu, Paraíba do Sul, Verde Grande,  
Doce, São Mateus, Iguape, Jequitinhonha, Itapemirim,  
Mucuri, Vaza Barris, Itapicuru, das Contas, Itajai, Jacui, 
Uruguai, Peixe, Pelotas, Paraguaçu, Chapecó, Ibicui,
Peperiguaçu, Turvo, Ijui, Camaquã, Piratini, Jaguarão...

Rios do meu Brasil, que correm
Mansos ou caudalosos
Por todos rincões da minha Pátria,
Em seus variados matizes,
Pulsam como veias e escoam libertos,
Irrigando vastos territórios
Povoados de gentes que se misturam
Nas mais diversas raças
E se entendem numa mesma língua.

Do Oiapoque ao Chuí, cessai vossos rugidos,
Clamai por ventos calmos.
Contemplai este magnífico entardecer
Em que o rei de vossas águas
Inspirado se põe a espelhar a tela celeste
Das nuvens multicoloridas
E não lhe deixam uma dúvida sequer
Da auriverde nacionalidade,

Retrato fiel do brasileiro pendão.