sexta-feira, 5 de setembro de 2014

PARA SER APRECIADA: "PAISAGEM INTERIOR"

Recebo da promotora do evento, Regina d’Azevedo, solicitação para agendar show de lançamento do CD “Paisagem Interior”, no qual Marco Aurélio Vasconcellos interpreta composições de nossos conterrâneos Paulo Timm, Martim Cesar e Alessandro Gonçalves, além de sessão de autógrafos de “Sobre Amores e Outras Utopias”, último livro de Martim Cesar.
 A quem interessar possa:
Quando: 12 de setembro (sexta-feira), às 20 horas.
Onde: Livraria Cultura, Bourbon Country/Porto Alegre.

Em Julho de 2010, tive oportunidade de assistir a apresentação de “Da Mesma Raiz”, disco anterior do mesmo grupo no Teatro Bruno Kiefer, da Casa de Cultura Mário Quintana, aqui em Porto Alegre. A casa totalmente lotada e eu tive a grande frustração de ser o único jaguarense ali presente, apesar de amplo anúncio na época entre os conterrâneos da Capital. Confesso que a minha cara caiu no chão e, daí em diante, desisti de me fazer agregador. O fato é que Marco Aurélio Vasconcellos é um artista consagrado, de grande carisma e público fiel que sempre atende sua chamada.
Agora mesmo estive dando uma olhada em seu primoroso site , que mostra todos os detalhes de sua carreira artística, quase impossível de sintetizar em poucas linhas e que muitos “medalhões” devem invejar. E, no entanto quem priva da amizade e do convívio desse notável cantor, músico e compositor sabe muito bem que se trata de uma personalidade extremamente simples e cativante, jamais afetada por qualquer estrelismo. De comportamento afável, deixa muito à vontade quem dele se aproxima.
Posso dizer que fui apresentado espiritualmente a Marco Aurélio através de uma composição de sua autoria “Conselhos”, mostrada pelo reitor do IPA, Prof. Oscar Machado Filho, em sua residência, por se considerar sua origem como filho de peão. Vim a tomar conhecimento de sua pessoa como colega da Oficina Literária do escritor Laury Maciel, escamoteando sua condição de sumidade do nativismo gauchesco. Sou testemunha de seu relacionamento franco e cordial com todos os companheiros de aprendizado na arte do bem escrever. E depois tinha aquelas caronas, quase um “city-tour”, para prolongar o papo com este filho daquela terra que tanto admira e gosta.
Por isso não me canso de celebrar o caráter desse tremendo boa gente que é meu apreciado amigo Marquinho pelo muito que aprendi com sua sabedoria inata, mais ainda não se fazendo de rogado para me brindar com um generoso prefácio, expondo seu julgamento em meu modesto trabalho “O Velho Chateau Daqueles Rapazes de Antigamente”, que lhe custou uma visita minha a seu Haras, em Eldorado do Sul, onde cria aqueles garbosos cavalos da raça Morgan que me encantaram, assim como aquele saboroso salmão por ele preparado com toda maestria e que ainda aguardo repetição...

SOLIDÃO NO PAMPA (Marco Aurélio Farias de Vasconcellos)
O céu, até bem pouco antes azul, num repente se povoou de nuvens negras, ameaçadoras. Ventos sibilantes surgidos dos confins passaram a açoitar a planície crestada do pampa, levantando em redemoinhos poeira dos corredores e trilhas. Na tapera próxima, um umbu majestoso se encolheu todo como que procurando se abrigar do vento arrasador, até que um grande galho da velha árvore estalou e se soltou do tronco com um ruído seco.
Em seguida, a chuva começou a desabar em grossos pingos, impregnando o ar com o cheiro característico da terra úmida. Já não mais se ouviam os trinados da passarada e o mugir do gado disperso. Somente emolduravam a acústica daquele ambiente desolado o sibilar do vento, o farfalhar das folhas nos capões de mato e o ribombar dos trovões.
A planície estava deserta. O gado desaparecera. Talvez tivesse procurado abrigo no mato denso que margeia o rio lá embaixo.
Subitamente, o grito de um quero-quero ecoou estridente. Viria alguém?
Logo a estampa negra de um cavaleiro solitário apontou numa curva do caminho. A grande capa escura do gaúcho envolvia seu corpo e a anca do alazão, enquanto o vento e a chuva vergastavam sem piedade o rosto acobreado do viandante que, no tranquito e indiferente a tudo, avançava pela trilha enlameada e tortuosa a se perder na vastidão da planície.
Dentro em pouco, apenas o vulto sombrio e quase indistinguível do cavaleiro, como que perdido naquele imenso quadro cinzento, via-se ao longe diminuindo, diminuindo...
O que pensaria ele na sua solidão?


Um comentário:

Marco Aurélio Vasconcellos disse...

Caro Souza:

Fico-te imensamente grato não apenas pela divulgação de nosso show (na verdade, um pocket-show) no próximo dia 12, na Livraria Cultura, mas também por tuas amáveis palavras a meu respeito, muitas das quais não me sinto merecedor. De qualquer sorte, fica aqui o meu reconhecimento e a honraria de tê-lo por leal e valoroso amigo.

Abraço imenso.

Marco