Recebo da promotora do evento, Regina d’Azevedo,
solicitação para agendar show de lançamento do CD “Paisagem Interior”, no qual
Marco Aurélio Vasconcellos interpreta composições de nossos conterrâneos Paulo
Timm, Martim Cesar e Alessandro Gonçalves, além de sessão de autógrafos de “Sobre
Amores e Outras Utopias”, último livro de Martim Cesar.
A
quem interessar possa:
Quando: 12 de
setembro (sexta-feira), às 20 horas.
Onde: Livraria
Cultura, Bourbon Country/Porto Alegre.
Em Julho de 2010, tive oportunidade de
assistir a apresentação de “Da Mesma Raiz”, disco anterior do mesmo grupo no
Teatro Bruno Kiefer, da Casa de Cultura Mário Quintana, aqui em Porto Alegre. A
casa totalmente lotada e eu tive a grande frustração de ser o único jaguarense
ali presente, apesar de amplo anúncio na época entre os conterrâneos da
Capital. Confesso que a minha cara caiu no chão e, daí em diante, desisti de me
fazer agregador. O fato é que Marco Aurélio Vasconcellos é um artista
consagrado, de grande carisma e público fiel que sempre atende sua chamada.
Agora mesmo estive dando uma olhada em seu
primoroso site ,
que mostra todos os detalhes de sua carreira artística, quase impossível de
sintetizar em poucas linhas e que muitos “medalhões” devem invejar. E, no
entanto quem priva da amizade e do convívio desse notável cantor, músico e compositor
sabe muito bem que se trata de uma personalidade extremamente simples e
cativante, jamais afetada por qualquer estrelismo. De comportamento afável,
deixa muito à vontade quem dele se aproxima.
Posso dizer que fui apresentado
espiritualmente a Marco Aurélio através de uma composição de sua autoria “Conselhos”,
mostrada pelo reitor do IPA, Prof. Oscar Machado Filho, em sua residência, por
se considerar sua origem como filho de peão. Vim a tomar conhecimento de sua
pessoa como colega da Oficina Literária do escritor Laury Maciel, escamoteando
sua condição de sumidade do nativismo gauchesco. Sou testemunha de seu
relacionamento franco e cordial com todos os companheiros de aprendizado na
arte do bem escrever. E depois tinha aquelas caronas, quase um “city-tour”,
para prolongar o papo com este filho daquela terra que tanto admira e gosta.
Por isso não me canso de celebrar o
caráter desse tremendo boa gente que é meu apreciado amigo Marquinho pelo muito
que aprendi com sua sabedoria inata, mais ainda não se fazendo de rogado para
me brindar com um generoso prefácio, expondo seu julgamento em meu modesto
trabalho “O Velho Chateau Daqueles Rapazes de Antigamente”, que lhe custou uma
visita minha a seu Haras, em Eldorado do Sul, onde cria aqueles garbosos cavalos
da raça Morgan que me encantaram, assim como aquele saboroso salmão por ele
preparado com toda maestria e que ainda aguardo repetição...
SOLIDÃO
NO PAMPA (Marco Aurélio Farias de
Vasconcellos)
O céu, até bem pouco antes azul, num
repente se povoou de nuvens negras, ameaçadoras. Ventos sibilantes surgidos dos
confins passaram a açoitar a planície crestada do pampa, levantando em
redemoinhos poeira dos corredores e trilhas. Na tapera próxima, um umbu
majestoso se encolheu todo como que procurando se abrigar do vento arrasador,
até que um grande galho da velha árvore estalou e se soltou do tronco com um
ruído seco.
Em seguida, a chuva começou a desabar em
grossos pingos, impregnando o ar com o cheiro característico da terra úmida. Já
não mais se ouviam os trinados da passarada e o mugir do gado disperso. Somente
emolduravam a acústica daquele ambiente desolado o sibilar do vento, o farfalhar
das folhas nos capões de mato e o ribombar dos trovões.
A planície estava deserta. O gado
desaparecera. Talvez tivesse procurado abrigo no mato denso que margeia o rio
lá embaixo.
Subitamente, o grito de um quero-quero
ecoou estridente. Viria alguém?
Logo a estampa negra de um cavaleiro
solitário apontou numa curva do caminho. A grande capa escura do gaúcho
envolvia seu corpo e a anca do alazão, enquanto o vento e a chuva vergastavam
sem piedade o rosto acobreado do viandante que, no tranquito e indiferente a
tudo, avançava pela trilha enlameada e tortuosa a se perder na vastidão da
planície.
Dentro em pouco, apenas o vulto sombrio
e quase indistinguível do cavaleiro, como que perdido naquele imenso quadro
cinzento, via-se ao longe diminuindo, diminuindo...
O que pensaria ele na sua solidão?
Um comentário:
Caro Souza:
Fico-te imensamente grato não apenas pela divulgação de nosso show (na verdade, um pocket-show) no próximo dia 12, na Livraria Cultura, mas também por tuas amáveis palavras a meu respeito, muitas das quais não me sinto merecedor. De qualquer sorte, fica aqui o meu reconhecimento e a honraria de tê-lo por leal e valoroso amigo.
Abraço imenso.
Marco
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