“José Alberto de Souza e demais formandos da
Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul tem o prazer de
convidar (...) para a solenidade de sua formatura que será realizada no dia 18
de dezembro, ás 20.30 horas, no Salão de Atos da Reitoria” – abria-se assim
o libreto Engenheiros – 1965. Portanto, arrogo-me o direito de evocar alguns
fatos referentes a este evento a fim de retirar um pouco da poeira do tempo a
que vai sendo relegado para que se resgate a importância desse acontecimento
não só para as pessoas envolvidas como também em termos de benefícios para sua
comunidade.
E as
lembranças me chegam aos borbotões e me levam a saudosa época das reuniões
dançantes do Centro de Estudantes Universitários de Engenharia e dos bailes da
Reitoria, afora esticadas pela Arquitetura, Farmácia e outros recintos a que
percorríamos nos fins de semana. Na Reitoria, vim a conhecer minha esposa
Gislaine Fagundes, então estudante de Pedagogia, que também se formou nesse
mesmo ano, poucos dias após minha diplomação. Esta foi num sábado, dia da
semana que também marcou Natal e Ano Novo naquele ano, deixando o seguinte 8 de
janeiro para marcar nosso casamento, logo depois viajando para São Paulo em
busca de emprego.
Nosso
orador, Izaltino Camozzato, e o paraninfo, Prof. Antenor Wink Brum, desandaram
a tecer críticas ao sistema de ensino universitário, surpreendendo à mesa
diretora da colação de grau. Posteriormente, na formatura do Curso de Pedagogia
da Faculdade de Filosofia da URGS, idêntico protesto veio ocorrer na fala da
oradora da turma, o que levou o Reitor presente ao ato a se manifestar fazendo
referência a uma solenidade anterior (a nossa) e a atual que deixavam de ser
motivo de congraçamento e orgulho de familiares e amigos dos formados para dar lugar
a uma “lavagem de roupa suja”, impróprias para a ocasião.
Decorridos
cinquenta anos, a turma de engenheiros formados em 1965, na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, promoveu um reencontro para confraternização
entre seus remanescentes na noite de 27 de novembro passado, ocorrido no
restaurante da Sociedade Germânia, ao qual compareceram 2 engenheiros civis (transportes),
6 engenheiros civis (estruturas), 10 engenheiros civis (obras e saneamento), 1
engenheiro civil (obras hidráulicas), 18 engenheiros mecânicos, 18 engenheiros
eletricistas, 2 engenheiros químicos, 3 engenheiros civis e eletricistas, 3
engenheiros metalúrgicos, 5 engenheiros mecânicos e eletricistas e 5
engenheiros mecânicos e metalúrgicos, provenientes de alguns estados do país,
como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais.
Considerando-se
um total de 166 alunos que ingressaram em nossa Escola de Engenharia, abrindo o
ano letivo de 1961, dos quais 33 já falecidos e 60 ausentes por problemas de
saúde e familiares, o mosaico daqueles que atenderam ao chamado dos
organizadores dessa marcante festa comemorativa de seu cinquentenário de
formatura, dá bem uma ideia da propagação dos conhecimentos adquiridos na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, não só beneficiando as mais
diferentes atividades econômicas, sociais e educacionais, como também gerando
incalculável riqueza cultural e progresso para muitas regiões deste nosso
imenso Brasil.
Acredito que tenhamos
desempenhado a contento essa relevante missão, sem medir esforços despendidos, muitas
vezes à custa de sacrifícios pessoais que nos privaram de convívio familiar e até
colocando em risco a própria saúde. E ai estão nossos cabelos grisalhos, as
rugas de nossas faces, o físico alquebrado, os colegas que tributaram com a
própria vida como testemunhas de uma batalha gloriosa. Rosito, grande
agregador, que reuniu essa plêiade de abnegados como Nivaldo, Milano, Hartz,
Bruno, Graziuso e todos aqueles que logo acorreram com suas adesões, formam
este majestoso pedestal – parafraseando Napoleão – “onde meio século vos
contempla”.