terça-feira, 7 de julho de 2015

FOI EM 2002: CHEGAMOS AOS SESSENTA ANOS

1951 foi o último ano em que funcionou o Departamento de Jaguarão do Instituto Porto Alegre. Ainda não tinha findado o período letivo e já agonizavam o Ginásio e a Escola Técnica de Comércio, mantidos por aquela instituição. Direção e professores aguardavam ansiosos pelo desfecho, a solução: encampamento pelo Estado do Rio Grande do Sul daqueles estabelecimentos de ensino.
E os alunos remanescentes invejavam os integrantes da última turma a ser formada sob a chancela do IPA. O pessoal da 3ª. Série chegava ao Prof. Jorge Abel Neto, o último Diretor, solicitando para que estendesse até o próximo ano a sobrevida da instituição; queriam se formar como ipaenses. E o Prof. Abel fazia um esforço enorme para não sensibilizar-se com aqueles apelos, justificando-se com a situação calamitosa da falta de recursos para manter a escola, muitas vezes à custa do sacrifício pessoal de todo corpo docente.
No ano seguinte, veio a nova Administração, tendo á frente o Padre Octávio Gurgel, nomeado Diretor pelo governo estadual. Mas ainda restava acesa a centelha ipaense daqueles alunos que conservavam dentro de si o estado de espírito da antiga escola. Assim, buscavam retomar aquelas tradições que tinham sido legadas pelos colegas e mestres antecessores. A última turma de alunos que ingressou no IPA foi responsável pela realização da derradeira Festa da Saudade oferecida pelos terceiro-anistas aos formandos de 1953. Essa gente foi a que manteve o definitivo cordão umbilical com o Instituto Porto Alegre já que, ao se formar em 1954, deixou de receber aquela homenagem: as turmas que lhes sucederam não haviam vivenciado aqueles inesquecíveis tempos.
Fomos participantes das comemorações dos 40 e 50 anos de fundação do IPA em Jaguarão: nessa última oportunidade, nos perguntávamos se haveríamos de festejar o 60º. Aniversário que aí está chegando neste próximo 11 de maio e até duvidávamos se teríamos motivação suficiente para assim proceder. O milagre da vida tem preservado a muitos ex-alunos para que se reencontrem e demonstrem às novas gerações o dignificante exemplo de suas existências.
Entretanto, cabe-nos refletir sobre a tese dos elos de uma mesma corrente, tão brilhantemente formulada pelo Prof. Sebastião Gomes de Campos, primeiro Diretor do IPA em Jaguarão. Inicialmente, gostaríamos de colocar como núcleo estrutural da instituição o vetusto prédio da Rua Joaquim Caetano da Silva, que teria abrigado em seus primórdios o antigo Ginásio Espírito Santo e posteriormente outras escolas que lhes sucederam tais como o Colégio Elementar, o IPA, o Ginásio Estadual de Jaguarão, o Colégio Comercial Carlos Alberto Ribas e até o Colégio Estadual Espírito Santo, hoje instalado na Rua Duque de Caxias.
Assim, raciocinemos: se não dispusesse daquelas amplas dependências empilhadas nos três andares do único Edifício então existente em Jaguarão, será que o Instituto Porto Alegre teria aceitado o encargo que lhe queria atribuir o governador Cordeiro de Farias? Portanto o IPA foi apenas o enxerto que vingou no tronco primitivo, onde vicejava a seiva do saber.
De outra parte, também nos ocorre: se o Governo do Estado do Rio Grande do Sul não houvesse encampado a instituição em 1952 (a que tanto se empenhou Cristóvão Neves, um dos pais que formou seus filhos naquele Departamento de Jaguarão), o IPA assumiria o desafio de dar continuidade aos anseios daqueles estudantes que sonhavam se formarem como alunos da velha escola? Da mesma forma, o Ginásio Estadual foi outro enxerto que pegou naquele tronco ainda hoje preservado pelo tempo. 
A partir de 11 de maio de 1942, são sessenta anos que o atual Instituto Estadual de Educação Espírito Santo estabeleceu como marco de suas origens, quando na realidade essas se situam mais distanciadas no tempo: oitenta, noventa, cem anos, quem sabe? Que se manifestem os historiadores de nossa Cidade Heróica.
(Publicado no jornal Nova Manhã, de Jaguarão, em 03/05/2002).

3 comentários:

JASouza. disse...

Para Dom Clóvis Erly Rodrigues, bispo da Igreja Episcopal do Brasil, um pouco da história do nosso Ipinha.

Anônimo disse...

Agradeço pela gentileza, me sensibilizou muito.
Ao querido Poeta das Águas Doces e Profundas meu abraço saudoso ipaense.
clovis , o bispo

Fernando Rozano disse...

Memorialismo essencial de sempre. Abraço.